As eleições 2014
no Amazonas eliminaram candidatos fortes que estavam há mais de 20 anos na vida
pública e nunca haviam perdido um pleito.
Figuras
políticas como o ex-senador e deputado federal João Pedro Gonçalves (PT),
Francisco Praciano (PT), e as famílias Souza e Castelo Branco, tradicionalmente
conhecidas pela atuação política em Manaus, saíram deste processo eleitoral sem
nenhum mandato.
Há 18 anos no
poder, os irmãos Fausto e Carlos Souza (PSD) não conseguiram manter suas
cadeiras na Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam) e na Câmara dos
Deputados, respectivamente.
Ao lado do
irmão, o ex-deputado estadual Wallace Souza, morto em 2010, os Souza
alavancaram a carreira política depois de iniciarem nos anos 90 o programa de
televisão “Espaço Livre”, que hoje já tem outro perfil identificado como
‘Programa Livre’.
O declínio da
família começou em 2008, quando o ex-deputado estadual Wallace Souza foi
acusado de comandar um grupo de extermínio em Manaus.
Nesta eleição, o
deputado federal Carlos Souza (PSD), que está no poder desde 2003, teve 53 mil
votos, mas não conseguiu avançar para o seu quarto mandato. Souza considerou a
eleição 2014 muito dura e difícil, mas disse que “vai continuar vivendo”.
“A sabedoria do
povo tem que ser cumprida, mas considero que enfrentei muitas instituições, e
que isso pode ter contribuído para a minha não reeleição. Vou tocar minha vida
e continuar vivendo. Não vou dizer que dessa água não beberei, mas confesso que
estou desencantado com a política”, disse, nesta segunda (6), ao EM TEMPO.
O empresário e
deputado estadual até o fim deste ano Fausto Souza (PSD) também não conseguiu
seguir para o seu terceiro mandato.
Sem
reeleição
A hegemonia dos
candidatos da família Castelo Branco, que estão no poder há 13 anos, também não
se firmou neste pleito.
O deputado
federal Sabino Castelo Branco (PTB), eleito vereador pela primeira vez no
pleito de 2000 e reeleito em 2004, saltou da Câmara Municipal de Manaus (CMM)
para o Congresso Nacional em 2006.
Em 2010,
conseguiu manter o seu mandato, mas não teve a mesma sorte neste pleito, e
mesmo com 69 mil votos não conseguiu se reeleger.
O mesmo
aconteceu com a deputada estadual Vera Lúcia Castelo Branco (PFL), delegada de
carreira e ex-esposa de Sabino, eleita em 2009 com 14.037 votos, não conseguiu
a reeleição no pleito deste ano e também deixa em dezembro o mandato eletivo.
Já o filho do
casal, Reizo Castelo Branco (PTB), vereador mais votado no último pleito
municipal, apesar de não ter conseguido se eleger para deputado estadual,
continua na Câmara Municipal de Manaus (CMM), em seu segundo mandato.
O EM TEMPO
Online entrou em contato com os três políticos da família Castelo Branco, que
permaneceram durante todo o dia com os telefones desligados.
“Homem
político”
Outro
parlamentar consagrado do meio, Eron Bezerra (PCdoB), eleito por cinco vezes
consecutivas como deputado estadual (1991 a 2010) e atual Secretário de Estado
da Produção Rural (Sepror) por dois períodos (2007-2010; 2011-2013), não
conseguiu garantir vaga no pleito de 2014.
Questionado
sobre como ficará sua atuação a partir de agora, Eron declarou que é um homem
político, independentemente de mandato. “A votação não foi o que nós queríamos,
mas isso não é uma questão de vida ou morte. Para mim, não existe batalha
final. Temos que respeitar o direito que o povo tem de escolher”, amenizou.
Ex-senador da
República e candidato a deputado federal pelo Partido dos Trabalhadores, o
parintinense João Pedro, com 32 anos de carreira política, também não teve sua
candidatura aprovado pela maioria dos amazonenses e está fora da Câmara
Federal.
João Pedro
elegeu-se deputado estadual em 1982, pelo PCdoB, e foi vereador em 1988.
Em 1991, ingressou no PT e em 1998 foi candidato a deputado federal, obtendo a
suplência. Em 2002 foi candidato a governador do Estado, levando a quinta
posição, correspondente a 5,7% dos votos.
Ele também
chegou a ser superintendente do Instituto Nacional de Reforma Agrária do
governo Lula. Em 2006 foi coordenador da campanha petista no Amazonas,
elegendo-se como primeiro suplente de Alfredo Nascimento e senador no
período de 2007 a 2011.
Outro político
conceituado no meio que ficou fora da disputa foi o petista Francisco Praciano.
Tradional alavancador de votos, ‘Praça’ decidiu mudar de estratégia e entrou na
disputa para o Senado Federal, enfrentando nas urnas o ex-governador Omar Aziz
(PSD).
Com 27% dos
votos, que representa mais de 500 mil votos, o candidato deverá ficar sem
nenhum mandato eletivo até a próxima legislatura.
Por Luana Dávila
(EM TEMPO Online)
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